24 de janeiro de 2009

BLOG DA MARLY INFORMA 24/01/09

'Perdemos uma joia rara', diz pai de modelo morta no ES

Jovem morreu na madrugada deste sábado após infecção urinária.
Ela será sepultada na cidade de Marechal Floriano.

Glauco Araújo Do G1, em São Paulo

"Perdemos uma joia rara". Foi desta forma que Agnaldo Bridi, 56 anos, pai da modelo Mariana Bridi, de 20 anos, falou ao G1 sobre a morte da filha na madrugada deste sábado (24). Ela estava internada em estado gravíssimo no Hospital Dório Silva, em Serra (ES), desde o dia 3 deste mês. Ela teve os pés e as mãos amputados após uma infecção.

 

Veja galeria de fotos de Mariana Bridi

 

A jovem, que foi duas vezes finalista do concurso Miss Mundo Brasil, será velada no Asilo Sou Feliz, em Marechal Floriano, e sepultada às 17h no cemitério central da cidade. "Ela vai descansar. Deus foi preparando o nosso coração até este dia. Ela estava sofrendo muito com o tratamento. Foram muitos dias de luta para ela permanecer viva", disse o pai da modelo.

 

 

Ele afirmou que a morte da filha comoveu amigos e parentes. "Até mesmo quem não a conhecia ficou sensibilizado com a morte dela. Ninguém consegue explicar como isso foi acontecer com ela", disse Agnaldo Bridi.


Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo divulgou que a modelo morreu, às 2h30 deste sábado, em decorrência de complicações de uma infecção generalizada gravíssima. Ainda de acordo com o documento, ela sofria de 
choque séptico, causado por bactérias da espécie estafilococos e Pseudomonas aeroginosa, tendo como foco uma infecção urinária.

 


Prêmio
Mariana trabalhava como modelo e participava de concursos de beleza. O diretor do Miss Mundo Brasil, Henrique Fontes, disse ao
G1 que a jovem foi duas vezes finalista do concurso.

No ano passado, Mariana participou do Miss Bikini Internacional, na China. Ela ficou em sexto lugar e ganhou o prêmio de melhor corpo.

 

 

Inflamação grave e rara
A inflamação que acometeu a modelo Mariana Bridi é considerada grave e rara por especialistas do Instituto Latino Americano de Sepse (Ilas). Ela teve as mãos e pés amputados após um choque séptico.

Apesar de rara, a sepse atingiu 400 mil pacientes e provocou a morte de 230 mil pessoas em 2004, segundo estudo realizado pelo Ilas. "Isso representa uma mortalidade cerca de 12 vezes maior do que o número de mortes provocadas por infarto", disse Nelson Akamine, diretor do Ilas e integrante do comitê de sepse da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB).

Resposta do organismo
De acordo com o diretor do Ilas, sepse é uma resposta sistêmica do organismo, desencadeada por uma infecção. "Nem todas as respostas sistêmicas do organismo são desencadeadas por infecção, mas, se ela for provocada por uma, trata-se de sepse", disse Akamine.

"Outro aspecto é que não existe uma relação de intensidade ou de gravidade de uma infecção com a resposta, que é a sepse. Não podemos dizer que se uma infecção for grave vai dar sepse e vice-versa", afirmou o diretor do Ilas.


Respostas do corpo
"A resposta sistêmica do organismo é caracterizada por uma alteração de diversos órgãos ao mesmo tempo. Se eu tiver um paciente com quadro de infecção urinária, pulmonar, neurológica, só haverá uma manifestação em cada um desses sitemas, de maneira pontual. Quando ocorre a sepse, a resposta é do corpo todo à infecção. Essa resposta não é de defesa e é tecnicamente prejudicial ao paciente".

A caracterização genética de predisposição à sepse ainda está em estudo. "Não temos pesquisas prontas ainda. Há estudos grandes, em vários centros médicos, que ainda não definiram esse panorama", disse Akamine.

O médico informou que a sepse não é uma inflamação exclusiva de pacientes que estejam internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). "Na UTI tem muita gente com sepse porque, na verdade, quem tem sepse vai para o hospital. O paciente não é acometido por sepse, como por uma infecção hospitalar. Isso pode acontecer dentro ou fora do hospital", disse o diretor do Ilas.


Diagnóstico
"A caraterização da sepse é feita por infecção, comprovada ou não. Além disso, tem de haver a resposta sistêmica, que pode ser a febre, taquicardia ou a taquipnéia. A temperatura do corpo tem de estar acima de 38 graus, a frequência cardíaca, acima de 90 batimentos por minuto e apresentar mais de 14 movimentos respiratórios por minuto", explicou Nelson Akamine.

Segundo ele, não há ordem de importância dos sintomas até se diagnosticar a sepse. "Há outros detalhes, muito técnicos, que nos permitem identificar o quadro."


Níveis de gravidade
O primeiro estágio de gravidade da inflamação (sepse) é quando os sintomas acima são identificados. "O segundo estágio, que é a sepse grave, ocorre quando há o comprometimento de um órgão. É quando o paciente tem febre, taquicardia e taquipnéia e a falência de algum outro órgão", disse Akamine.

O último nível de gravidade da sepse é o choque séptico. "É quando o paciente, já diagnosticado com sepse grave, obrigatoriamente tem pressão baixa. É quando o paciente não responde ao tratamento para elevar a pressão", afirmou o diretor do Ilas.

Faixa etária
Segundo o Ilas, a sepse pode ocorrer com mais frequência em crianças com imunidade indefinida, que vai do recém-nascido até 2 anos de idade. Outra faixa etária é de adultos com mais de 65 anos. "São as pessoas que têm mais chances de ter infecção."

As exceções são pessoas consideradas como adulto-jovem e de meia idade. "Os casos de sepse com mais representatividade nesta faixa etária ocorrem em pessoas que sofreram alguma alteração de imunidade, como um traumatismo, por exemplo", disse Akamine.

Ele afirmou ainda que, quando forem concluídos os estudos genéticos de predisposição à sepse, esses fatores etários deixarão de ser considerados como são na atualidade. "Essa é a forma que temos, nos dias de hoje, de identificar padrões de predisposição à sepse."


Mortalidade
O índice de mortalidade é de 20% dos pacientes, segundo o médico. Ele afirmou ainda que a sepse grave registrou índice de 50% de mortalidade. "Já o choque séptico apresenta índice de mortalidade, em média, de 60%, podendo atingir o pico de 80% de mortes." 

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